sexta-feira, novembro 26, 2010

BIO-FILMO: FRIEDRICH WILHELM MURNAU

Nascido a 28 de Dezembro de 1888, em Bielefeld, Alemanha
Falecido a 11 de Março de 1931, em Santa Barbara, EUA
  

“No momento em que o cinema procurava tornar-se uma arte autónoma, Murnau foi um dos realizadores que recusaram as influências do teatro e dos livros e que criaram novos meios de expressão” (Denis Marion)

"Don't act - think!"

O  apelido de nascença era Plumpe e pertencia a uma remediada família de comerciantes da Vestefália, no seio da qual Friedrich nasceu e passou a sua infância. Desde tenra idade que revela tendência para o teatro e de 1905 a 1910 estuda Filologia, Literatura e História da Arte, em Berlim e Heidelberga. Acabado de completar os 21 anos, ingressa como actor na escola teatral de Max Reinhardt, onde adopta o pseudónimo de Helmuth e depois de Murnau. A I Grande Guerra mobiliza-o no ano de 1914 para a infantaria, passando três anos depois a tenente da aviação; durante os combates aéreos o seu avião é derrubado por oito vezes, mas ele não sofre sequer uma única beliscadura.
"O Castelo Maldito" - 1921
Terminada a guerra, ganha em Berna o primeiro prémio num concurso de direcção cénica. Em 1919, a grande impressão que lhe causa o “Gabinete do Dr. Caligari”, de Robert Wiene, é determinante na sua vocação cinematográfica, fundando pouco depois uma produtora de cinema com um grupo de amigos. Dos primeiros filmes realizados não restam quaisquer cópias, sendo “Nosferatu, o Vampiro” (1922) a sua primeira obra significativa. Tratando-se de uma adaptação livre do romance “Drácula”, de Bram Stoker, o filme mostra já uma influência claramente perceptível do expressionismo alemão; mas o seu carácter pictórico teatral surge compensado pelo sentido excepcional de captação da natureza de que o cineasta faz gala.
"Nosferatu, o Vampiro" - 1922
Nos sete filmes que se seguem até 1926 o denominador comum é a rigorosa precisão com que se apresentam personagens e ambientes, em que o fantástico parece encontrar a sua contrapartida no realismo extremo de temas rurais. Ambas as tendências se equilibram harmoniosamente nas três obras-primas que encerram a sua actividade no cinema alemão: “O Último dos Homens”, crónica realístico-satírica da decadência do porteiro de um grande hotel que, por velhice, perde o seu vistoso uniforme e se vê relegado para zelador dos sanitários; “Tartufo”, meditação sobre o ser e o parecer, através da comédia de Molière; e “Fausto”, que a partir do mito da eterna juventude apresentado na tragédia de Goethe, propõe uma recriação do tema do homem e do seu duplo.
"O Último dos Homens" - 1924
 Toda a maturidade temática que o cinema de Murnau já apresenta nesta fase coincide com uma plenitude de recursos expressivos nunca alcançada no cinema mudo: ângulos de filmagem deliberados, liberdade completa no movimento da câmara, admirável utilização da luz, trucagens de toda a espécie, constituem uma autêntica musica visual, a par de uma capacidade total de recriação do mundo - neste sentido, há que considerá-lo como um dos maiores inventores de formas da história do Cinema.
"Fausto"- 1926
 Apesar do seu fracasso comercial, o prestígio de “Fausto” consegue-lhe um contrato particularmente vantajoso da Fox. Já instalado em Hollywood realiza “Sunrise”, comovente poema de amor que representa o auge da sua arte de visualizar plasticamente os sentimentos das personagens. Apesar do frio acolhimento que o público da época lhe dispensa, esta absoluta obra-prima torna-se com os anos no seu filme mais emblemático, chegando-se a chamá-lo (e eu pessoalmente partilho tal convicção) do filme mais belo de toda a história do Cinema. Depois de “The Four Devils”, um drama circense de poucas pretensões, Murnau filma “Our Daily Bread” em 1929, que será remontado e sonorizado pelo produtor e exibido com o título de “City Girl” – uma versão muito mais curta do que a original muda e que se veio a perder. Ambos os filmes foram estreados comercialmente em 1930.
"Aurora" - 1927
 Em 1930 Murnau compra um iate e vai para o Tahiti, onde decide radicar-se. Aí, em colaboração com o documentarista Robert Flaherty, roda para a Paramount aquele que viria a ser o seu derradeiro filme, “Tabu”. Embora a associação entre os dois realizadores denote a diferença de critérios entre duas personalidades tão antagónicas, o resultado é uma bela e trágica história de amor que sintetiza as duas obsessões constantes de Murnau ao longo de toda a sua obra: a proximidade da morte e a luta do homem e da mulher contra as forças superiores do mal. Por estranha coincidência, poucos dias depois de concluír o filme, Murnau encontra a sua própria morte num acidente de automóvel em Santa Barbara, Califórnia. O corpo regressou à Alemanha, onde foi enterrado em Berlim. Flaherty, Greta Garbo, Emil Jannings e Fritz Lang estiveram presentes no funeral, tendo este último feito o elogio fúnebre. Murnau tinha apenas 42 anos mas deixava para a eternidade meia dúzia de títulos que lhe reservariam um lugar de excepção entre os grandes cineastas da Sétima Arte.
"Tabu" - 1931

FILMOGRAFIA:

1931 – Tabu: A Story of the South Seas / Tabu
1930 – City Girl (Our Daily Bread) / A Rapariga da Cidade
1928 – The Four Devils / Os Quatro Diabos
1927 – Sunrise / Aurora
1926 – Faust / Fausto
1925 – Tartüff / Tartufo
1924 – Der Letzte Mann / O Último dos Homens
1924 – Die Finanzen des Grossherzogs / As Finanças do Grão-Duque
1922 – Phantom / Fantasma
1922 – Nosferatu / Nosferatu, o Vampiro
1922 – Der Brennende Acker / A Terra Ardente
1922 – Marizza, Genannt die Schmugglermadonna
1921 – Schloss Vogelöd / O Castelo Maldito
1921 – Sehnsucht
1921 – Der Gang in die Nacht / Passeio de Noite
1920 – Abend..., Nacht..., Morgen...
1920 – Der Januskopf
1920 – Der Bucklige und die Tänzerin
1920 – Satanas
1919 – Der Knabe in Blau 

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